sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Editorial 23/01/2010

Após os incidentes ocorridos na pequena ilha do oceano Atlântico com milhares de mortos, parece que o homem enxergou uma nova possibilidade de tornar-se um ser melhor.


Ajudas humanitárias são enviadas a todo o momento para o Haiti. Vários países têm se mobilizado para buscar atender as necessidades de milhões de pessoas que ficaram sem teto, comida e água, produtos essenciais para a vida na Terra.


Além do Brasil e Estados Unidos, outros países do mundo já se mobilizaram para ajudar o devastado país das Antilhas como a França, Espanha, Alemanha, Holanda, Itália, Bélgica, Suécia, Luxemburgo, Grã-Bretanha, China, Israel, Venezuela, México e Cuba que também sentiu o sismo.


No entanto, o Brasil já se encontrava lá há pouco mais de cinco anos. O país mantinha 1.300 militares na região. Desde junho de 2004, o País comanda cerca de 07 mil soldados da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti ou MINUSTAH (sigla derivada do francês: Mission des Nations Unies pour la Stabilisation en Haïti).


A postura do Brasil, o país latino-americano mais envolvido no Haiti, difere da de Governos como os da Venezuela, Nicarágua e Bolívia, que vêem a presença de mais de 13.000 soldados americanos na nação caribenha como uma “ocupação militar”.


A tônica brasileira, por outro lado, é a de trabalhar lado a lado com os americanos e com o resto da comunidade internacional nos trabalhos humanitários urgentes e, posteriormente, em uma provável reconstrução do Haiti.


Marco Aurélio Garcia, assessor presidencial para Assuntos Internacionais, declarou que, se o mundo tivesse atendido aos pedidos de mais ajuda, ao Haiti, feitos pelo Brasil há quatro anos, “o terremoto não teria tido os efeitos devastadores que teve. A comunidade internacional não tem mais desculpas para dizer que o Haiti não é um problema dela. É, sim”. Infelizmente, foi preciso que famílias inteiras fossem soterradas para o mundo volver os olhos para aquela região.


E enquanto muitos trabalham na tentativa de salvar vidas e doam a própria vida em seus objetivos, como a sanitarista e pediatra a doutora Zilda Arns Neumann, políticos paulistas aproveitam-se da desgraça alheia para fazer campanha eleitoral.


A irmã de Dom Paulo Evaristo Arns era a fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, dois organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e morreu durante o terremoto do dia 12, quando a igreja, onde fazia palestra sobre a desnutrição, desabou.


Ela merece todos os tipos de prêmios e agradecimentos pelo trabalho realizado no Brasil e em outros países, mas desta vez o Governador do Estado, José Serra se superou. Até no desastre ele quer ganhar votos. Antes da missa de sétimo dia, no dia 16 de janeiro, o governador juntamente com o prefeito de São Paulo, estiveram na zona leste da capital onde inaugurou o Parque da Integração Zilda Arns, entre os bairros de Sapopemba e São Mateus. Isto porque ele nunca se interessou pelo trabalho da médica.



Mesmo assim, vendo que a política paulista é tão suja, termino meu editorial de hoje com palavras de uma mulher que realmente deu sua vida ao seu propósito. Estou crente que ela está em um dos melhores lugares, e que seu trabalho será sempre lembrado por todos os seus voluntários, mães e crianças que se beneficiaram tanto com sua experiência. Obrigada, doutora Zilda.


“Estou convencida de que a solução para a maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, com a promoção da justiça social, com o acesso à saúde e à educação de qualidade, com a ajuda mútua, financeira e técnica entre as nações, para preservação e restauração do meio ambiente. Como pássaros que cuidam dos seus filhos ao fazer ninhos nas árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como bem sagrado, promover o respeito aos seus direitos e protegê-los”.

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